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sábado, 12 de março de 2016

O pior figurino - Oscar 2016

Há rostos que pouco aparecem, talvez até nem o nome, isto porque poucas pessoas prestam atenção à longa lista de profissionais que aparecem na ficha técnica ao final dos filmes. Mas aí vem a festa do Oscar*, e ficamos conhecendo alguns destes rostos.

Este ano conheci a figurinista Jenny Beavan, que apareceu na cerimônia do Oscar vestida como uma motoqueira clássica: jaqueta, calças e botas pretas. Só faltou a Harley Davidson. Quando seu nome foi anunciado, por ninguém menos que a rainha da elegância, Cate Blanchett, quase não houve aplausos. Jenny Beavan, uma britânica de 65 anos, caminhou tranquilamente para o palco. Os cabelos compridos emoldurando o rosto, sem qualquer vestígio de terem passado pelas mãos de um cabeleireiro, o rosto vazio de maquiagem, e as roupas... Enfim, uma imagem distante do glamour do tapete vermelho. O brilho dos cristais Swarowski que a própria figurinista mandou bordar nas costas da jaqueta de couro sintético formando o desenho símbolo do filme Mad Max, parecem ter passado despercebidos num primeiro momento.
O contraste era enorme, a bela e a monstra, foi o que todos viram e talvez o que tenha destacado mais a premiada, infelizmente pelos motivos errados. Talvez também a mesma imagem com Cate Blanchett, superproduzida e elegantérrima num modelo Armani, em cima do palco, e os holofotes focando Jenny Beavan, assim que Cate anunciou o nome do vencedor, tenham emudecido os aplausos. Aparentemente seu look comum, nada mais era que uma homenagem às vestes do herói Mad Max, filme pelo qual estava sendo premiada. Claro que foi um prato cheio para as revistas e programas de estilo. O mainstream explorou o assunto à farta, com o despudor costumeiro. As pautas se repetiam, porque afinal tratava-se apenas de destacar e desgastar a tão falada indumentária. 
A pergunta que não queria calar era se o convite dizia Black Tie, porque alguém desrespeitaria a etiqueta numa cerimônia que o mundo inteiro assiste?

Bom, a resposta foi dada pela própria designer quando interrogada a respeito na sala de imprensa. 
"- Eu não uso vestidos e saltos. Eu simplesmente não posso, tenho problemas nas costas. Eu ficaria ridícula em um vestido e isso foi uma homenagem a Mad Max. Estou me sentindo confortável e até onde eu percebo, estou realmente arrumada".

Jenny é designer e figurinista formada na renomada Central School of Art and Design em Londres. Seu curriculo é invejável, já que coleciona 10 indicações por alguns dos filmes mais premiados na história do Oscar, como 'Razão e Sensibilidade' e o 'Discurso do Rei'. Além da famosa estatueta, Jenny ganhou também o Bafta pelo mesmo filme. Não é a primeira vez que ela atrai a atenção pelos mesmos motivos. Entretanto se olharmos as fotos da laureada no decorrer de sua carreira, vamos ver uma Jenny sempre tranquila no seu estilo 'confortável'.

Não sei quanto a vocês, mas eu também nunca fui de usar algo que me causasse desconforto. Eu até podia experimentar vários modelos para ocasiões especiais, mas no final, por muito que eu gostasse da imagem no espelho, a idéia do desconforto me arrepiava e logo descartava tais ameaças. Sei que, para muitas pessoas, a vaidade se sobrepõe ao conforto, mas é difícil segurar a pose quando o desconforto se instala. Então fico com Jenny Beavan: nada vale o desconforto, nem mesmo a cobiçada estatueta do Oscar. Então parabéns para a premiada, que sem se deixar intimidar pelas críticas no decorrer de sua carreira, não deixou de permanecer no páreo e ganhar o prêmio por sua competência. 
Bis!

*Oscar - Prêmio entregue anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, fundada em Los Angeles, California, em 1927. A primeira entrega de prêmios aconteceu em 1929 no Hotel Roosevelt em Hollywood. 

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